sexta-feira, 1 de junho de 2012

A Evolução de Deus


Deus mudou ao longo do tempo. Antes que você fique bravo comigo por esta declaração ousada, deixe-me explicar o que quero dizer. O Deus real, a grande força que criou o Big-Bang, ou, se preferir, criou o mundo em seis dias como disse em Gênesis, não pode ser compreendido pela mente humana. Esta Força é incognoscível, bem acima racional humano. Provavelmente os únicos que podem entrar em contato esta grande força são os místicos, mas a linguagem humana os impede de comunicar eficazmente as suas experiências.
O Deus de que podemos falar é o que Jung chamou de "Imagem de Deus" que temos dentro de nossa psique. Portanto, quando falamos sobre a evolução de Deus, referimo-nos à imagem de Deus, ou, usando um termo junguiano, ao Self. Ao longo da história da raça humana, podemos discernir seis grandes períodos na evolução da imagem de Deus.
O primeiro - Animismo - estava presente durante a fase de caça e coleta da civilização. Nossos ancestrais primitivos viam espíritos em toda parte: animais, árvores, montanhas, rios pedras.
Um segundo - Matriarcado - veio à tona quando a agricultura foi desenvolvida. A terra nutritiva, responsável pelas culturas era a Grande-Mãe, era a divindade.
Um terceiro - Politeísmo - correspondia ao desenvolvimento das cidades e das guerras. O elemento masculino cresceu em importância, e a humanidade voltou-se para um politeísmo dominado por deuses masculinos. De atenção especial para a civilização ocidental são os deuses gregos, governados por Zeus.
Um quarto - Monoteísmo Tribal - começou, pelo menos no mundo ocidental, com os hebreus. Fora das muitas divindades que povoavam o próximo Oriente Médio, Javé, o Deus de uma pequena tribo de nômades vieram por diante.
O quinto período  - Monoteísmo Universal  - saiu da religião dos hebreus. O cristianismo foi o resultado da universalização da religião hebraica, e domina o mundo ocidental nos últimos vinte séculos.A principal diferença de Javé e Jesus é que o primeiro era completo, abrangendo o bem eo mal. A melhor maneira de expressar essa idéia é dizer que Javé estava acima do bem e do mal. Ele não habita na dualidade, mas na unidade. A religião cristã, com seu Deus exclusivamente bom - Jesus - passou a exigir a convocação do demônio. Na dualidade que vivemos, não há frio, sem calor, sem luz sem a escuridão, bom sem o mal. Clemente de Roma, um dos primeiros pais da igreja é citado dizendo que Deus governa o mundo com Cristo na mão direita e o diabo na esquerda. Como consequência, o diabo aparece quatro vezes no Antigo Testamento e sessenta e seis no Novo Testamento.
O sexto período - Individuação - está amanhecendo no mundo com o desenvolvimento do individualismo em seres humanos. Mais e mais pessoas estão se distanciando daquilo que poderíamos chamar de rebanho e procurando seus caminhos individuais para procurar a felicidade eo cumprimento de suas vidas. Edward Edinger em seu excelente livro "A Criação da Consciência", afirma que "a sociedade humana não pode sobreviver por muito tempo, a menos que seus membros estejam psicologicamente contido dentro de um mito vivo central." O problema é que o mito cristão, que sustentou a civilização ocidental por dois mil anos, está perdendo sua atração. Seus símbolos estão ficando velhos, e não vem sendo renovados. Como resultado, nossa civilização estão passando por uma fase quase caótica. Os seres humanos estão mais e mais materialistas, e eu arrisco a dizer que o Deus que governa o mundo atual é o dinheiro.
Um novo mito, de acordo com as tendências individualistas dos modernos seres humanos está ganhando reconhecimento. Este é o mito arturiano, que eu chamo de novo, porque ele começou a se espalhar no mundo ocidental no século XII, embora tenha raízes antigas nos mitos celta e irlandês.Quando Parsifal e os cavaleiros da Mesa Redonda partiram em sua busca pelo Graal, eles foram instruídos a seguir um caminho individual, que nunca havia sido percorrido. Era considerado vergonhoso escolher uma rota já percorrida. Este conselho combina perfeitamente com a psicologia de Jung. Para ele, cada pessoa tem de escolher o seu caminho exclusivo em sua jornada de individuação.
Roberto Lima Netto
Autor de "O Pequeno Príncipe para Gente Grande"e "Os Segredos da Bíblia".
www.amazom.com/author/rlimanetto

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