terça-feira, 22 de novembro de 2011

O drama no cinema.

Discutia no Facebook com meu jovem amigo Ponzi sobre o filme “E O Vento levou”. Ele dizia: “Meu Deus !!! Que tragédia grega !!! Nunca vi um filme com mais desgraça que esse. Nem um finalzinho feliz pra melhorar”.

Quando argumentei que a vida não é um conto de fadas, e que a literatura e o cinema passam lições da vida como ela é, ele voltou dizendo que “filmes são feitos para sonhar. Sonhar, sim, faz nos afastar da realidade e fazer com que consigamos lidar melhor com a vida como ela é”.

O Ponzi está certo; é bom sonhar, e também gosto de ler histórias com final feliz. Os romances que até hoje escrevi acabam em final feliz. Mas isso não invalida os dramas da literatura e do cinema, que nos preparam para a vida.

Quer um exemplo? Eu tinha 21 anos, estava no auge de minha carreira esportiva, treinando para participar do campeonato brasileiro de vôlei. Seria provavelmente titular da seleção mineira. Tudo azul?. Peguei uma hepatite. Cama. Você consegue imaginar minha frustração? Minha depressão? Em casa, em repouso absoluto, meu divertimento era a leitura. Um dos livros me impactou fortemente: “O Velho e o Mar” de Hemingway.

O livro conta a história de Santiago, um velho pescador em uma maré de pouca sorte. Não teve hepatite, mas não conseguia pegar peixes. Em uma comunidade de pescadores pobres, até sua sobrevivência fica comprometida se você passa 84 dias sem fisgar um único peixe. Até seu jovem ajudante foi proibido pela família de sair com ele. O velho dava azar. Santiago ia pescar, agora sozinho, e nada conseguia. Em uma comunidade pobre, a solidariedade o sustentava. Santiago sobrevivia de favor, e isso feria seu orgulho.

Um dia ele saiu para o mar, resolvido a somente retornar com um peixe, ou morrer no mar. Pegou um peixe enorme, maior que seu barco. O peixe era valente. Lutava. Santiago resistia. Dia, noite, dia, noite. Mãos em carne viva para segurar a corda. Ombros igualmente feridos. Santiago não desistia. Nem o peixe. Há se tivesse o menino ajudante! Nem comida tinha mais. Mas não desistiria. Nunca.

Santiago é vitorioso. Começa o retorno com o maior peixe que jamais vira em toda sua vida. Está muito longe da costa. Quando se sentia vitorioso, com o troféu amarrado ao lado do barco, os tubarões atacam. Outra briga. Dia, noite. Usa o remo, amarra a faca na ponta. Quebra remo, perde faca. Vê seu troféu ser devorado, sem armas para impedir. Chega a praia. Ele, o barco e o esqueleto do maior peixe que jamais vira. Vai dormir. Exausto. Derrotado.

No dia seguinte, enquanto Santiago ainda dorme, os pescadores olham o esqueleto do imenso peixe amarrado ao barco. Admiram. Final infeliz!

A vida é uma luta inglória. A morte sempre ganha. Jesus morreu na cruz. Drama. Tragédia. Mas será que Ele foi derrotado?

Roberto Lima Netto
rlimanetto@hotmail.com

2 comentários:

  1. Parte 1

    Olá Roberto.



    Concordo com você, os dramas da literatura e do cinema não ficam sem valor, assim como as derrotas ou as frustrações que também nos preparam, tão bem para a vida.



    Dizem até que se aprende muito mais com a derrota que com a vitória, sou muito novo para poder afirmar isso, mas tendo isso em mente não tenho medo da derrota, o que acaba facilitando muito mais minha vitória.



    Porém, nada como um belo filme com um final prazeroso para fazer seu dia mais feliz.



    Quer ver um bom exemplo: O conde de Monte Cristo.

    Que maravilha de filme! Mostra tudo, da derrota ao sucesso. Quando o pobre e analfabeto Edmond Dantes, que era um simples marinheiro, consegue ser promovido a capitão e pede sua linda namorada em casamento, é traído por seu melhor amigo e jogado em uma prisão tenebrosa no meio do atlântico. Mas só por causa desse acontecimento horrível consegue se tornar um homem culto e rico dando a volta por cima e se tornando o Grandioso Conde de Monte Cristo.



    Olha que maravilha, aprendizado do início ao fim e um ótimo final feliz.



    Meu pai me diz muito uma frase: "a vida não é justa." Pois prefiro acreditar que é! E a morte nada mais é que um grande desfecho dessa vida, e não a derrota dela, até porque ninguém sabe o que nos aguarda do outro lado, se a vida fosse eterna seria muito sem graça. Certo?



    Tudo tem que ter um início e um fim, se não nos perdemos. Assim como o reveillon, um fim de um ano, fim das frustrações, dos fracassos, das vitórias. Você com um ano novo tem a chance de começar tudo novamente, aí vem as promessas e planos todos outra vez... Se não der certo, sem problemas, tem o outro ano que se aproxima. E assim vai.

    Continua...

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  2. Parte 2

    "A vida não é justa." Será que quem inventou isso ficou sentido pois esperava alguma coisa em troca de algo que fez. Será que essa pessoa estava esperando Dinheiro e "só" tinha saúde? Ou o contrário? Será que almejava o sucesso e acabou "somente" com uma familia feliz? A justiça, retorno, troco, pagamento, o que quer que seja, pode vir de várias formas, depende de nós conseguir encherga-las.

    Essa é uma discussão sem fim, então voltemos aos filmes.

    Meu querido Tio Alfio Ponzi Jr. é fã de filmes. Quando assiste conosco, em familia, algum filme que tenha um final trágico, ou quando está prestes a acontecer um assassinato ou algo ruim que seja, ele muda o canal na hora e diz:

    "Vou contar para vocês o final." E conta uma estória linda, cheia de flores.

    Antigamente ficava possesso, mas depois me acostumei e acho graça quando faz isso, nada mais é que uma figura paterna protegendo seus "filhos" das crueldades do mundo, nesse caso dos filmes.

    Bem ou mal, iremos aprender, com filme sem filme, no amor ou nos negócios.

    Não me envergonho em dizer que sou um romântico, acredito ainda que "tudo vai dar pé", que o importante é "viver e não ter a vergonha de ser feliz". Cheguei até a ouvir de uma pessoa que eu era muito “Twist” para o “tango” dela. Carlos Gardel que me desculpe, mas realmente prefiro ser o twist. Aprendi com a minha minha mãe a estória do "sonhar não custa nada" isso sim é um aprendizado gostoso, mas ela não deixou de me ensinar também que sonho é uma coisa, meta é outra, e temos que ter metas na vida.

    Quer coisa melhor que ver Bing Crosby, Grace Kelly, Frank Sinatra, Louis Armstrong juntos em "High Society" cantando os prazeres da vida?

    Quer coisa melhor que Fred Astaire dançando na parede e no teto? Que Nicholas Cage aprendendo o que é uma família em "Um homem de familia", que Bruce willis encontrando ele próprio com 8 anos em "Duas vidas", que Charles Bronson salvando uma aldeia inteira em “Sete homens e um destino”, ou até mesmo o Christopher Reeve e Harrison Ford salvando o mundo ao som de John Williams???

    Não tem igual!!!

    Não preciso aprender como o mundo é lá fora vendo uma mulher de alma ferida roubando o marido da irmã por dinheiro, casando com um pensando em outro, perdendo a filha de 8 anos caindo de um pônei ou ver a mulher mais humana do filme morrendo de parto. (O vento Levou)

    Os jovens podem aprender de outra forma a ter mais resistência à frustração, não vendo filmes como esse. Certo?

    Só para deixar claro que não estou dizendo que o filme é ruim, achei muito bom inclusive, mas com final péssimo.

    Filmes são feitos para sonhar, rir e chorar... de alegria!

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