domingo, 6 de novembro de 2011

Conhece-te a ti mesmo.

Eu tenho o privilégio de ser um dos amigos de João. Ele era um empresário muito bem sucedido quando jovem, teve um rápido sucesso, ganhou muito dinheiro, mas vendeu sua empresa e mudou-se para o campo, para Tiradentes, a linda cidade histórica, centro cultural que atrai pintores e escultores em busca de uma vida descontraída. João agora dedica seu tempo a seus hobbies: leitura e jardinagem.
A maioria dos seres humanos tem medo da velhice. O tempo transforma as pessoas: umas ficam amargas, e poucas ficam sábias. João é um sábio. Na verdade, ele é o meu modelo para o personagem do Velho Sábio, que aparece com tanta freqüência em meus livros.
Ele é um leitor inveterado. Apoiado pela enorme biblioteca que ele leu, João pode ser visto como uma espécie de filósofo. No outro dia, estava conversando com ele sobre o sentido da vida:
"Você acha que a vida tem um propósito?" Perguntei a ele.
"Quando eu era jovem, um padre me ensinou que nós nascemos para sermos testados. Se formos bons, iremos para o céu.
Cocei a cabeça. Eu esperava uma resposta mais profunda. Iinsisti:
"Ser bom deve ser nosso objetivo de vida?"
"O budismo e o hinduísmo alegam que temos muitas vidas, e nosso propósito é atingir a iluminação. Para isso, temos que nos aperfeiçoar em cada vida.
"Bem, a reencarnação é amplamente aceita no Oriente, e a teoria de que vivemos para aperfeiçoar nossa alma faz sentido para o meu lado racional”. eu disse.
"O problema é que tais questões não podem ser respondidas apenas pelo nosso lado racional”
João era enigmático mesmo. Quando eu já estava concordando com sua idéia, ele trazia uma nova. Ele continuou:
. Quando Jung foi perguntado se ele acreditava em Deus, ele respondeu que não; ele sabia. "
“Não entendi.”
“Acreditar envolve o lado racional. Quando ele disse que sabia, queria dizer que sabia com todo seu ser integral”.
"E você? O que você acha?”
"Jung acreditava que o propósito de nossa vida é aumentar o nível de consciência de cada um. O templo de Apolo em Delfos tem uma inscrição na porta da frente – “Conhece-te a ti mesmo”. Jung acreditava que cada aumento do nível de consciência de qualquer ser humano contribui para aumentar o nível de consciência da humanidade em geral ".
"Porque a consciência é tão importante?"
"Um pobre pescador vivia com sua esposa e cinco filhos. O peixe andava escasso, e eles viviam morrendo de fome. Enterrado sob seu barraco havia um tesouro, lá colocado pelo seu bisavô, mas o pescador não estava consciente disso. Ele é rico ou pobre? "
O que você acha?

Roberto Lima Netto
rlimanetto@hotmail.com
www.robertolimanetto.com.br

3 comentários:

  1. Olá Roberto, como vai?
    Tu já imaginou usando lentes de contato que te permitem ver na velocidade da luz? Com certeza a tua ótica do universo será outra, iniciando pela forma, no mínimo. Eu vejo a esquina, mas percebo além dela, percebo porque já estive lá ou porque me foi revelado pelo inconsciente coletivo? o que Buda e Jesus perceberam que o leigo não percebe e portanto teme?.. no Hinduísmo o desapego, no Judaísmo a posse e Deus sendo a Unidade, estes polos se gravitam para evitar o caos, o que é ser rico para um não é para o outro, e viva a terceira dimensão!...
    abraços,
    luiz carlos coelho

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  2. Roberto:
    Concordo com você, os dramas da literatura e do cinema não ficam sem valor, assim como as derrotas ou as frustrações que também nos preparam, tão bem para a vida.
    Dizem até que se aprende muito mais com a derrota que com a vitória, sou muito novo para poder afirmar isso, mas tendo isso em mente não tenho medo da derrota, o que acaba facilitando muito mais minha vitória.
    Porém, nada como um belo filme com um final prazeroso para fazer seu dia mais feliz.
    Quer ver um bom exemplo: O conde de Monte Cristo.
    Que maravilha de filme! Mostra tudo, da derrota ao sucesso. Quando o pobre e analfabeto Edmond Dantes, que era um simples marinheiro, consegue ser promovido a capitão e pede sua linda namorada em casamento, é traído por seu melhor amigo e jogado em uma prisão tenebrosa no meio do atlântico. Mas só por causa desse acontecimento horrível consegue se tornar um homem culto e rico dando a volta por cima e se tornando o Grandioso Conde de Monte Cristo.
    Meu pai me diz muito uma frase: "a vida não é justa." Pois prefiro acreditar que é! E a morte nada mais é que um grande desfecho dessa vida, e não a derrota dela.
    "A vida não é justa." Será que quem inventou isso ficou sentido, pois esperava alguma coisa em troca de algo que fez. Será que essa pessoa estava esperando Dinheiro e "só" tinha saúde? Ou o contrário? Será que almejava o sucesso e acabou "somente" com uma familia feliz? A justiça, retorno, troco, pagamento, o que quer que seja, pode vir de várias formas, depende de nós conseguir enxergá-las.
    Essa é uma discussão sem fim, então voltemos aos filmes.
    Meu querido Tio Alfio Ponzi Jr. é fã de filmes. Quando assiste conosco, em familia, algum filme que tenha um final trágico, ou quando está prestes a acontecer um assassinato ou algo ruim que seja, ele muda o canal na hora e diz:
    "Vou contar para vocês o final." E conta uma estória linda, cheia de flores.
    Bem ou mal, iremos aprender, com filme sem filme, no amor ou nos negócios.
    Não me envergonho em dizer que sou um romântico, acredito ainda que "tudo vai dar pé", que o importante é "viver e não ter a vergonha de ser feliz". Cheguei até a ouvir de uma pessoa que eu era muito “Twist” para o “tango” dela. Carlos Gardel que me desculpe, mas realmente prefiro ser o twist. Aprendi com a minha minha mãe a estória do "sonhar não custa nada" isso sim é um aprendizado gostoso, mas ela não deixou de me ensinar também que sonho é uma coisa, meta é outra, e temos que ter metas na vida.
    Quer coisa melhor que ver Bing Crosby, Grace Kelly, Frank Sinatra, Louis Armstrong juntos em "High Society" cantando os prazeres da vida?
    Quer coisa melhor que Fred Astaire dançando na parede e no teto? Que Nicholas Cage aprendendo o que é uma família em "Um homem de familia", que Bruce willis encontrando ele próprio com 8 anos em "Duas vidas", que Charles Bronson salvando uma aldeia inteira em “Sete homens e um destino”, ou até mesmo o Christopher Reeve e Harrison Ford salvando o mundo ao som de John Williams???
    Não tem igual!!!
    Não preciso aprender como o mundo é lá fora vendo uma mulher de alma ferida roubando o marido da irmã por dinheiro, casando com um pensando em outro, perdendo a filha de 8 anos caindo de um pônei ou ver a mulher mais humana do filme morrendo de parto. (O vento Levou)
    Os jovens podem aprender de outra forma a ter mais resistência à frustração, não vendo filmes como esse. Certo?
    Só para deixar claro que não estou dizendo que o filme é ruim, achei muito bom inclusive, mas com final péssimo.
    Filmes são feitos para sonhar, rir e chorar... de alegria!

    Rafael Ponzi Ribeiro

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  3. E daí talvez se reafirme o gênio de Chaplin. Ele fez isso além de mostrar todas as facetas da alma humana, das melhores até as piores na figura de um vagabundo, depois de um palhaço etc. E ensinou, aprende em seus diálogos e poesias com palavras ou imagens quem quiser e estiver disposto.

    Assim como quem aprende com JUNG quem tiver coragem e com esta página quem der a sorte de descobri-la como eu, além de um mínimo de boa vontade e humildade.

    Coisas que o Jesus sem CRISTO que admiro como BUDA sem ismo ( nada com ismo me serve) ensina. Mas não as interpretações humanas que a meu ver inclusive nos impõe uma cultura errada como aludiram acima: "Aprender com a derrota"... dores, sofrimentos, não? Mas não será isso uma cultura de sacrifício que nos é outorgado pelo mito da crucificação de cristo? Sei lá rsrs

    Parabéns e abraço

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