domingo, 9 de dezembro de 2012

Forum - Mitos do Mundo (com interpretação junguiana)


Mitos do Mundo com intrepretação junguiana
Por que mitos, estas simples, às vezes ingênuos contos e mitos têm sobrevivido por tanto tempo? O que os mantém vivos? Podemos suspeitar que a sua sobrevivência pode ser explicado por uma função, uma função importante. Os velhos mitos e contos sobrevivem porque tocam uma corda no nosso inconsciente, e nos ensinam lições para a vida.
Convido você a participar de um novo fórum - Mitos do Mundo. - https://plus.google.com/u/0/communities/108464364188933534641
Convido-o também a se juntar ao meu blog  http://happinessacademyonline.org/blog/ e realizar o download gratuito do ebook "Shortcuts to Happiness.
Faça seus comentarios; deixe sua colaboração.
Desejo-lhe felicidade. Vamos ser felizes juntos?

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A felicidade é ... ficar velho.


A segunda metade de vida é um tempo para pensar sobre o que realmente importa para nós. Será ficar mais rico? Comprar um carro novo?
Acho que não. Nosso objetivo deve ser buscar a felicidade. Como? Existem vários caminhos para se atingir o topo de uma montanha. Assim também é com a busca da felicidade. O caminho que eu sugiro é o desenvolvimento espiritual com a ajuda da psicologia junguiana . Este pode ser o seu caminho para a felicidade.




sábado, 24 de novembro de 2012

Evangelho de Tomá Conselho # 2


Evangelho de Tomé 2
O segundo conselho de Jesus, registrado no Evangelho de Tomé por Didymo Judas Tomé, um dos doze discípulos, encontrado em Nag Hammadi, prega:

Conselho # 2

Jesus diz: “Aquele que procura não deve deixar de procurar até que ele encontre. E quando ele encontrar que ficará assombrado. E quando ele estiver assombrado, ficará surpreso, e ele será rei sobre o Todo. ”
“A pessoa que procura.” Sabendo ou não, todos nós somos buscadores. O problema é que muitos procuram no lugar errado.

Evangelho de Tomé - Conselho # 1

Evangelho de Tomé # 1.
No ano de 367 AC Atanásio, bispo de Alexandria, ordenou que todos os livros que ele considerava heréticos ou gnósticos fossem destruído. Felizmente, alguns monges não concordaram e enterraram vários em um pote de barro em uma colina perto da cidade de Nag Hammadi, no Egito. Em 1945. Eles foram descobertos, eo Evangelho de Tomé foi uma das pérolas recuperadas. Ele contém 114 conselhos preciosos de Jesus.

Conselho # 1:Estas são as palavras ocultas que o Jesus vivo falou, e Dídimo Judas Tomé escreveu. Jesus disse: “Quem descobrir o significado destas palavras não provará a morte.”

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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Você acredita em Deus? Jung respondeu a essa pergunta em uma entrevista na BBC.


Você acredita em Deus? Jung respondeu a essa pergunta em uma entrevista na BBC.

Jung, o grande psicólogo suíço, um do gênio do século 20, quando questionado em uma entrevista à BBC, se ele acreditava em Deus, respondeu: "Eu não acredito, eu sei."
Uma resposta verdadeiramente enigmática. O que quiz ele dizer?

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Você acha que é cristão? Tem certeza?


Você acha que é cristão? Tem certeza?


Você acredita nos dogmas do Cristianismo? Nascimento virginal, ressurreição corporal?

Jesus foi um grande profeta, um homem iluminado, mas seria ele Deus como prega o Cristianismo? Nos primeiros séculos está era uma questào que dividia os cristãos.

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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A Busca da Felicidade


Amigos e amigas
Na primeira metade de nossa vida, nosso obletivo deve ser consolidar nosso ego. Isso implica na busca de uma carreira e na consolidação de nossa posição na sociedade. Nesta fase, ainda que saibamos que a morte é a única coisa certa da vida, não pensamos nela,. É como se fossemos imortais. Achamos que acidentes e tragédias somente acontecem com os outros.
Na segunda metade, que começa em torno dos 35 à 40 anos, é normal termos uma crise - a famosa crise de meia-idade - que nos faz repensar nossos objetivos de vida. Porém, passada a crise, muitos voltam aos caminhos anteriores.
Porém, um dia chegamos à terceira metade da vida, quando atingimos 65 à 70 anos. Então, se não mudarmos nossa forma de olhar a vida, ela se fará ouvir trazendo-nos crises: doenças, acidentes, problemas co graves com familiares, etc.
Costumo dizer que a vida está sempre nos mandando sinais. Inicialmente fracos, eles vão aumentando de intensidade e podem se transformar tragédias se não prestarmos atenção aos sinais da vida.
Quando chegamos na terceira fase da vida, temos que mudar nossos objetivos, ou a vida nos mudará a força. Para evitar maiores dores, é melhor fazermos isso espontaneamente.
Aliás, este é o tema de meu último romance editado no Brasil: Alem do Arco-Íris. Dizem que os romances são obras de ficção. Não é verdade. Os personagens são fictícios, mas as situações são reflexos romanceados da vida real. Pode-se aprender muito sobre a vida lendo um boa obra de ficção.
Voltando ao nosso assunto, algumas pessoas que chegam à terceira fase acham que podem transferir seus objetivos de vida para os filhos, esperando que eles tenham sucesso nos ambiciosos objetivos que planejou para si. Isto, além de não resolver o problema da própria pessoa, ainda passa uma carga pesada para o filho ou filha.
Nós nunca aceitamos graciosamente a classificação de velho. Velho é uma pessoa que tem uma idade vinte anos maior que a nossa. Porém, o problema não é esse. O problema é que temos duas classes de velhos: os chatos e os sábios.
Velho chato é aquele que esta sempre se queixando da vida, nada está certo. Velho sábio é o que sabe viver, se adaptar às limitações da idade. Estes tem muito a ensinar. mas não são facilmente encontráveis. Eu tento achá-los em livros, para beber da sua sabedoria.
Acredito que, em última análise, todos buscamos a felicidade. O problema é que a procuramos no local errado - mais dinheiro, mais bem materiais que não podemos levar para a outra vida
Dizem que a velhice com consciência pode ser a fase mais feliz da vida.
Como podemos tornar isso verdade? Como podemos encontrar a felicidade? Acredito que existam muitos caminhos, e que devemos escolher aquele mais adequado a cada um. Aqueles que tem fé em uma religião são felizardos. Porém, fé não se compra em supermercado. Outros, como eu, tem que trilhar caminhos diferentes, muito mais árduos.
Eu sou fã incondicional de Carl Jung, um dos maiores sábios do século XX, um psicólogo suíço que foi acusado de místico. Estudo sua obra desde os 35 anos, quando tive minha crise de meia-idade. Jung desenvolveu o método de Imaginação Ativa, que nos permite viver uma vida simbólica, que é, em última análise, uma vida espiritual sem filiação a uma igreja.
Para quem quiser tentar esse caminho, recomendo fortemente o livro, já traduzido para o português, Inner Work de Robert Johnson. (o título da versão portuguesa é este mesmo). Robert Johnson escreve com palavras simples e não exige conhecimento prévio da psicologia junguiana.
Convido-o também a visitar meu site - www.HappinessAcademyOnline.org  - e fazer o download gratuito do meu livro: Shortcuts to Happiness. Para uma lista de todos os artigos e videos que você encontra la, clique aqui. List of Posts
O site está em inglês, pois estou tentando ser conhecido nos USA para colocar meus livros já traduzidos e oferecidos na Amazon. Para os que tiverem problema com o inglês, o tradutor Google ajuda.
Agradeço por sua atenção e desejo-lhe felicidades
Roberto Lima Netto

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Video: Evolution of God


A Evolução de Deus.
Deus evoluiu através dos tempos? Meu conceito de Deus é uma Força Suprema e Inteligente, que não pode ser entendida pela mente humana. Segundo Jung, os seres humanos carregam uma Imagem de Deus dentro de suas psiques, o Self. Esta Imagem de Deus, sim, evoluiu através dos tempos. Podemos reconhecer seis estágios maiores, que passaremso a spresentar no video anexo.
Como estou com meus livros traduzidos nos USA, o vídeo está em inglês, mas, para aqueles com dificuldades no inglês, sugiro a possibilidade de tradução da legenda. (Google Trnslator)
Video:  Evolution of God  http://happinessacademyonline.org/blog/spirituality/evolution-of-god-video

Se voce preferir o texto escrito em português, clique aqui.

domingo, 28 de outubro de 2012

Video: Satan, our friend?

Clemente, o terceiro bispo de Roma, sucessor de São Pedro, teria dito que Deus governa o mundo com Cristo na mão direita e o diabo na esquerda.
Goethe na sua obra-prima, escreve que Fausto pergunta a Mefistófeles quem era ele, e recebe a resposta: "Sou a força que pretende o mal, mas que causa o bem.",
Seria o diabo uma força benigna? !!!!

Video: Is Satan our Friend?
http://happinessacademyonline.org/blog/jungian-psychology-2/video-satan-our-friend

O video está em inglês, pois estou com vários livros traduzidos na Amazon, tentando também me comunicar com os leitores americanos. Porém, se preferir, pode ter o texto em português. Clique aqui. 

sábado, 8 de setembro de 2012

Uma afirmação enigmática de Jesus: O Filho do Homem é Senhor do sábado


Vamos discutir neste post uma outra afirmação enigmática de Jesus: O Filho do Homem é Senhor do sábado (Lucas 6-5)
Jesus viveu numa época em que a humanidade tinha um nível de compreensão bem abaixo do atual. Embora existam pessoas iluminadas vivendo em qualquer época, como Buda e tantos santos de diversas religiões, o nível de compreensão do ser humano em geral era bem mais baixo do que o do ser humano de nossos dias.
O povo judeu viveu no tempo de Yahweh, o Deus da lei. Foi o Deus que você deveria amar, mas que era melhor temer. O temor do Senhor era amplamente difundido entre a população.
A vinda de Jesus, o Deus de amor, foi um desenvolvimento radical, tão radical que Ele foi rejeitado pela maioria dos judeus e condenado à cruz. Suas ideias eram muito avançadas para serem aceitas, especialmente pelos doutores da religião. Ideias muito avançados não são facilmente aceitas e geralmente são ferozmente rejeitadas.
Vamos ilustrar como um exemplo da dificuldade de compreensão uma frase de Jesus: ". O Filho do Homem é Senhor do sábado" Lucas 6-5.
Esta passagem ocorreu quando, ao passar por um campo de milho em um sábado, Jesus permitiu que seus seguidores colhessem espigas de milho para comer. Os fariseus argumentaram que eles estavam trabalhando - colhendo o milho - o que não era permitido no Sabath, o sábado judeu.
Para entender as palavras de Jesus vamos pedir a ajuda ao Bezae Codex, uma reprodução do Novo Testamento escrito no século V, contendo os quatro evangelhos canônicos e os Atos dos Apóstolos. Nele, Jesus é citado dizendo: "Se sabes o que fazes, és bendito, mas se não sabes, és maldito e um transgressor da lei."
Quem já não chegou a um nível superior de consciência deve seguir a lei, e isso era o que Yahweh pregava e também os fariseus. Mas Jesus pregava em um nível muito mais elevado.
O Corão, o livro sagrado do Islã, conta a história do encontro de Moisés com Khidr, um dos anjos do Senhor. Moisés acompanha Khidr, e o vê matar um menino. Espantado, Moisés questiona o anjo, que explica a razão para seu ato. Podemos concluir que, se você sabe o que está fazendo, você pode cometer até mesmo um assassinato, indo contra o sexto mandamento: Não matarás.
O homem, enquanto consciente, enquanto estiver sabendo o que faz, é o Senhor do sábado. Isso nos lembra Jung. Ele pregou que o objetivo da vida humana é aumentar a consciência e chamou a nossa atenção para o ditado escrito na entrada do Templo de Apolo em Delfos, Grécia: "Conhece a ti mesmo".
Roberto Lima Netto, é autor de "O Pequeno Príncipe para Gente Grande" em sua quarta edição, e "Os Segredos da Bíblia", livros junguianos recentemente editados nos USA e oferecidos pela Amazon.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O Fazedor de Chuva


O Renascimento foi um movimento cultural que começou em Florença, Itália, no século 14, e pode ser considerado a linha divisória entre Idade Média e Idade Moderna. Naquele período, a ciência começou um período de forte desenvolvimento.
Mas nem tudo são rosas. Uma das perdas sofridas pela humanidade foi a depreciação da vida interior. A forte ênfase na ciência foi seguida por um crescimento do materialismo. Os seres humanos esqueceram o mundo interior, uma doença que sofremos no século XXI. O materialismo nunca foi tão forte na mente dos povos modernos.
Como Nietzsche disse: Deus está morto. Como resultado, a humanidade está se destruindo, depreciando o mundo interior.
Uma história que Jung gostava de contar era a do fazerdor de chuva chinês. Ele a ouviu de seu amigo, Richard Wilhelm, um sinólogo importante, conhecido como o tradutor do I Ching, que testemunhou o evento enquanto missionário na China.

Segundo Jung, o Xamanismo é uma antiga prática espiritual que existe desde os tempos mais remotos, e é a raíz de todas as religiões modernas e da análise profunda.

Se você quiser ver um video sobre esse assunto, clique aqui.

O video está em inglês, pois estou com vários livros oferecidos na Amazon tentando me comunicar com meus leitores nos EUA. Porém você pode usar as facilidades do Google translator para o texto.  

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Jesus é Deus? Ou um ser muito iluminado?


Jesus era um pensador muito profundo e alguns dos seus ditos mais enigmáticos são difíceis de entender. Já mencionamos alguns neste blog, explicando-os com a ajuda da psicologia junguiana, uma ferramenta que não estava disponível nos primeiros séculos.
Na minha modesta opinião, os dogmas da Igreja foram concebidos para atrair seguidores, e tem mais a ver com São Paulo e Santo Agostinho do que com as ideias de Jesus.
Quando eu tinha sete anos, assistindo a uma aula de preparação para a Primeira Comunhão, o padre disse que se um bebê morrer sem ser batizado não poderia ir para o céu.
"Mas ... se não houvesse sacerdote na área?" Eu insisti.
"Se ele não for batizado, ele não pode ir para o céu", disse o sacerdote, dogmaticamente.
"Isso é injusto. Ele não viveu o suficiente para pecar."
Na época, eu era jovem demais para argumentar que, sendo Jesus um Deus de amor, essa posição estava errada.
De qualquer forma, esse pensamento obtuso não prevalece mais na Igreja. Hoje ela reconhece que, mesmo se a pessoa não conhece Cristo, ela pode ser salva através de Cristo. Grande progresso.
Mas a evolução continua. Há uma minoria dentro da igreja católica, que afirma que você não precisa ser salvo através de Cristo. Eles afirmam que algumas pessoas iluminadas - por exemplo, Buda - podem ser colocadas em um nível paralelo a Jesus.
Tudo isso tem a ver com uma discussão muito antiga que estava quente nos primeiros séculos depois da morte de Cristo: É Jesus um Deus?
Os três Evangelhos sinóticos, Marcos, Mateus e Lucas, nunca mencionaram explicitamente a divindade de Jesus. Chamam-lhe "Filho de Deus" e "Messias", termos que designavam o rei humano de Israel.
O Evangelho de João, escrito alguns anos após os evangelhos sinópticos, foi o primeiro a afirmar que Jesus era Deus.
Para entender a controvérsia, temos que analisar a situação dos anos que se seguiram a morte de Jesus. No Antigo Testamento, há muitos casos de profetas falando com Deus através de sonhos ou visões. Só para mencionar alguns, Jacob e sua luta com o anjo de Deus, Moisés, Isaías, Jeremias, Daniel e vários outros. No Novo Testamento, temos São Paulo na estrada de Damasco, e o autor do Apocalipse.
Javé era um Deus que você devia amar, mas era melhor temer. Jesus pregou o Deus de amor. Isso provavelmente deu coragem a muitas pessoas para buscar um contato direto com Deus. Era uma época em que proliferou o gnosticismo.
Não se pode fortalecer uma igreja com tantas interpretações diferentes. No interesse de consolidação, a Igreja reservou para si o monopólio de falar com Deus. Qualquer um que divergisse dos dogmas propostos pela linha dominante era marcado como herético ou gnóstico. Este ponto foi reforçado no século IV, com o apoio do imperador Constantino, quando, no Concílio de Nicéia, os bispos escolheram os livros para compor a Bíblia. Os chamados livros canônicos.
O Evangelho de Tomé não foi incluído. Pior, a Igreja decidiu queimar todos os livros que desviavam da linha oficial. Felizmente, algumas obras foram preservadas e encontradas em 1945 em Nag Hammadi, no Egito. Entre as muitas pérolas encontradas, estava o Evangelho de Tomé, um conjunto de 114 ditos de Jesus que divergem do Evangelho de João em um ponto fundamental: Jesus foi considerado um homem iluminado por Deus, mas não Deus. Jesus mesmo postulou que, com desenvolvimento adequado, todo ser humano pode ser igual a ele.
Não tenho espaço neste post para ir mais fundo neste assunto, mas, se você estiver curioso e quiser saber mais, sugiro que leia o excelente livro de Elaine Pagels: "Beyond Belief".
Roberto Lima Netto, é autor de "O Pequeno Príncipe para Gente Grande" em sua quarta edição, e "Os Segredos da Bíblia", livros junguianos recentemente editados nos USA e oferecidos pela Amazon.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Em busca da felicidade


Em nossa infância, nossos pais são vistos como deuses, e os deuses não têm defeitos, não cometem erros. Se a criança for punida, ainda que injustamente, ela acha que mereceu a pena. Um pai chega em casa bêbado, de mau humor e dá uma surra no filho. Ele não sabe o motivo, não entende a razão do castigo, mas tem certeza que fez alguma coisa errada, que mereceu a punição. Afinal, os deuses (pais) não podem errar e a criança fica convencida de que fez algo que justificou a punição.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Uma afirmação enigmática de Jesus: o homem contra seu pai

Jesus disse: (Mateus 10:34-36): 34.Não penseis que vim trazer paz à terra. Não vim trazer paz, mas a espada.35.Com efeito, vim contrapor o homem ao seu pai, a filha à sua mãe e a nora à sua sogra.36.Em suma: os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. (Biblia de Jerusalém)

Como é possível que o Mestre quisesse promover a luta dentro de nossas famílias? Evidentemente, isso tem de ser entendido metaforicamente, e a psicologia junguiana demonstra a sabedoria do provérbio de Jesus.

Será que o Cristianismo está morrendo?


Nietzsche disse: Deus está morto. Será que o mundo ocidental precisa de um novo Deus? Uma nova religião?
É verdade que o cristianismo como é hoje pregado é mais influenciado por São Paulo e Santo Agostinho do que por Jesus.
Ideias muito avançadas para seu tempo tendem a ser rejeitadas ou esquecidas. Isso afetou os ensinamentos de Jesus. Nesta nova era que estamos vivendo, e em que o cristianismo está perdendo fieis, precisamos reformá-lo, torná-lo realmente uma religião de Jesus.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Seu amigo, o diabo


Clemente, o terceiro bispo de Roma, sucessor de São Pedro é citado como dizendo que Deus governa o mundo com Cristo na sua mão direita e Satanás no lado esquerdo.
Por que Deus permitiu que Adão e Eva a comer a maçã no Jardim do Éden? Por que Ele permitiu que a serpente - o diabo - para tentar Eva? Ele certamente sabia que sua proibição só aumentaria a atração do fruto. Sua intenção foi que o nosso casal ancestral comeu o fruto e ser expulso do Éden? Ele queria que as nossas almas a crescer através da vida em um ambiente difícil, um crescimento que não seria possível em um jardim paradisíaco? Como Ele pode governar o mundo com a ajuda de Satanás?

sábado, 28 de julho de 2012

Descida ao inferno


Os místicos dizem que para se chegar ao céu temos que passar pelo inferno. Psicoterapeutas também mencionam que o processo de análise profunda é doloroso, uma metáfora para a jornada ao inferno. Afinal, não é nada fácil enfrentar seus fantasmas.
Você provavelmente conhece a divisão da vida humana em duas partes. No primeiro período da vida nossa tarefa é fortalecer o nosso ego, criando um espaço para nós na sociedade. É tempo de nos consolidar em uma profissão, ganhar dinheiro, garantir a independência financeira e constituir família, todos os objetivos externos. Na segunda metade da vida, você deve cuidar de sua alma, uma jornada para o céu que passa pelo inferno.
Um velho costume da Índia pregava que, no sexagésimo ano de vida, deveríamos abandonar nossas atividades no mundo exterior e voltar para dentro, para o mundo interior, para cuidar da alma com uma vida ascética e de meditação. Alguns até mesmo se recolhiam a um ashram.
Em nossa sociedade ocidental, muito materialista, as crises de meia idade, mesmo as mais fortes, não mudam a vida de muitos. Eles continuam a perseguir objetivos materiais: tentando ganhar mais dinheiro mesmo que eles não precisam mais, tentando subir a escada profissional à procura de reconhecimento externo e tentando acumular mais bens. Trabalham pesado, provavelmente para não deixar tempo para pensar na vida. Se pensassem, poderiam ficar desesperados ao reconhecer que toda aquela riqueza por que tanto lutam não lhes trará felicidade.
Sempre achei que a divisão da vida em duas metades era uma divisão cronológica, que iria começar a segunda parte em torno de trinta e cinco ou quarenta anos quando ocorre a crise de meia-idade. Na realidade, poderíamos pensar em três fases: juventude, meia-idade e velhice. Na fase do meio, ainda podemos nos enganar, driblar a crise de meia-idade com mais trabalho, enchendo nosso tempo para não pensar na vida.
Richard Rohr, um frade franciscano, nos ensina de outra forma. Ele postula que nossa vida pode ser dividida em duas partes, mas que esta divisão não é cronológica. Alguns anciãos podem ainda não ter entrado na idade adulta. Eles são jovens de sessenta anos ou mais, mesmo que seus corpos mostrem o envelhecimento.
Você percebeu que nós encontramos dois tipos de pessoas idosas na vida? Uns que reclamam da vida - os velhos chatos - e outros que nos dão prazer de conversar com eles - os velhos sábios. Infelizmente em nossa sociedade ocidental, muito voltada para o mundo exterior, a maioria dos velhos pertence ao primeiro grupo. O segundo grupo, o sábio, é raramente encontrado. Como não consigo encontrar pessoalmente com muitos velhos sábios, até porque alguns já morreram, tento ler seus livros para absorver um pouco de sabedoria. Aprendendo com eles, pretendo tornar menos dolorosa minha passagem pelo inferno.
Richard Rohr, um velho sábio, escreveu recentemente um novo livro - Falling Upwards -ainda não traduzido para o português. O livro é fantástico e vale a pena ser lido.
Minha lista de pessoas que escolhi para gurus é pequena: Jesus, o principal deles, Buda, Carl Jung e Paramahansa Yogananda. Já minha lista de velhos sábios é maior. Depois de ler Falling Upwards, eu estou adicionando Richard Rohr a esta lista.
Roberto Lima Netto, autor de "O Pequeno Príncipe para Gente Grande" em sua quarta edição, e "Os Segredos da Bíblia", livros junguianos recentemente editados nos USA - www.amazon.com autor/rlimanetto

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Holocausto: a humanidade não deve esquecer esta lição


Por que a Alemanha, a nação mais racional e civilizada na época, embarcou no sonho de um louco? Antes de mirar os judeus, os alemães começaram a perseguir as crianças e os adultos mentalmente e fisicamente deficientes. Objetivo de Hitler era purificar a raça, e a nação inteira, com poucos dissidentes, foi dominada por sua loucura.
Como assim? Em um ataque de arrogância, depois de serem humilhados na Primeira Guerra Mundial, os alemães decidiram salvar o mundo do que eles consideravam a escória da humanidade. Hitler, um psicopata, conseguiu vestir as roupas de salvador da Alemanha e do mundo.
Que lições do Holocausto e outros extermínios em massa a humanidade deve aprender? O homem não pode ser guiado somente por seu lado racional. Ele tem que dar espaço, prestar atenção ao seu inconsciente. O livre arbítrio não existe, a menos que você tenha passado através de um programa muito extenso para se conhecer, o que significa que uma análise psicológica profunda, geralmente com a orientação de um analista treinado.
Cuidado! O inconsciente é forte o suficiente para dominar a mente do homem, para dominar o seu ego e levá-lo a atos que podem envergonhá-lo depois. Não estou falando de Hitler, Stalin ou Mao, pois eles são loucos, e não podemos esperar nada deles. Refiro-me ao cidadão normal, cumpridor da lei, provavelmente religioso, que embarcou com entusiasmo no sonho louco de Hitler.
Qual é a diferença entre o Holocausto e outras barbáries que aconteceram no mundo, como os assassinatos em massa Stalin e Mao Tse Tung? A resposta é que, graças ao povo judeu, essa lição não está sendo esquecida, não está sendo escondida debaixo do tapete, apesar da negação patética do presidente do Irã questionando a sua existência. Esta lição não pode ser esquecido e deve ser mantida na mente de todos para que não aconteça novamente.
O Holocausto é o nosso melhor lembrete de que o nosso Ego não controla nossas ações, que, quando sob o domínio de um complexo, o homem pode agir como um animal, totalmente irracional, mesmo contra os seus princípios mais queridos.
Roberto Lima Netto, autor de "O Pequeno Príncipe para Gente Grande" em sua quatrta edição no Brasil e "Os Segredos da Bíblia", livros junguianos recentemente editados nos USA - www.amazon.com autor/rlimanetto

Espiritualidade sem religião


Felicidade. Muitos pensam que podem obtê-la com outro carro, outra casa, outro jovem amante. Como estão errados. Você não vai, jamais, ser feliz com conquistas materiais. Sua chance de viver uma vida feliz está em cultivar uma vida espiritual ou, como Jung dizia, uma vida simbólica.
Quando falamos de espiritualidade, algumas pessoas pensam automaticamente em religião. Isso é errado, as duas palavras não significam exatamente a mesma coisa. Você pode ter uma vida espiritual sem seguir uma religião estabelecida. A religião é uma forma particular de espiritualidade.
Por quase dois mil anos, as mentes dos povos ocidentais têm sido dominadas pelo cristianismo. Os fiéis pertence a um rebanho sob a orientação de um pastor. Mas os séculos desgastaram o brilho dos símbolos cristãos. Os dogmas cristãos que dominaram a civilização ocidental por tantos anos não satisfazem mais o homem ocidental. Desde o Renascimento, com o crescimento do racionalismo, a igreja cristã vem perdendo o  comando sobre a mente do homem moderno. Para muitos, a religião tradicional é vazia, e não aponta para uma conexão emocional com o divino. Os símbolos do cristianismo estão velhos e, como disse Jung, quando os deuses deixaram os templos, eles nunca retornam.
Com a difusão do individualismo, pertencer a um rebanho não é mais popular. Além disso, os símbolos cristãos não foram renovados. Jung trabalhou sobre esta questão, tentando convencer alguns amigos teólogos a enfrentar o problema. Porém, seu livro genial, "Resposta a Jó", foi mal recebido pelo Vaticano.
Nesta era do individualismo extremo, a Era de Aquário, o mito cristão com o conceito de seguir o rebanho, não atrai muitos.
Entretanto, os seres humanos não podem limitar suas vidas ao lado de material/racional; eles precisam prestar atenção .ao espírito, as suas almas. Jung disse que não tinha conhecido nenhuma pessoa, passando por uma crise existencial na segunda metade da vida,a resolver os seus dilemas sem uma conexão com o divino. Porém, qual é a alternativa se o cristianismo não mais o satisfaz?
Edward Edinger, analista junguiano e escritor fantástico, escreveu: "A sociedade humana não pode sobreviver por muito tempo, a menos que seus membros estejam psicologicamente contido dentro de um mito central."
Mas qual mito? O mito do Rei Arthur pode ser a solução por seu caráter individualista. Quando os nobres da Corte de Arthur foram enviados para encontrar o Graal, cada um deveria escolher seu próprio caminho único, que nunca houvera sido trilhado antes. Era considerado vergonhoso seguir uma trilha já aberta.
Como podemos seguir uma jornada espiritual sem se juntar uma igreja estabelecida?Sem pertencer a um rebanho? O budismo, que afirma não ser uma religião, é um caminho para crescimento espiritual. Da mesma forma o, Xamanismo; você pode ser um xamã e pertencem ou não a uma igreja institucionalizada.
A psicologia profunda, especialmente a psicologia junguiana, também pode levar você a uma viagem espiritual proveitosa. O magnífico livro de Lionel Corbett, "A Psique e o Sagrado", nos mostra a direção certa. Ele ensina como podemos viver uma vida espiritualmente significativa - uma vida simbólica, como Jung costumava dizer - sem abra;car qualquer teologia particular ou tradição religiosa. Problemas como o sofrimento e o mal, uma vez dadas respostas inaceitáveis pela religião, pode agora ser confrontados com a ajuda da psicologia profunda, especialmente da psicologia junguiana. Considero o livro Corbett uma leitura obrigatória para todos que procuram uma vida mais plena.
Se você quiser encontrar a felicidade, não tente encontrá-lo no mundo material; procure seguir uma jornada espiritual.
Roberto Lima Netto, autor de "O Pequeno Príncipe para Gente Grande" em sua quarta edição no Brasil e "Os Segredos da Bíblia", livros recentemente reeditados nos USA - www.amazon.com autor /rlimanetto

Xamanismo


O xamanismo é uma prática espiritual que existe desde os primórdios da história da humanidade e é a raiz de todas as religiões modernas. Não só 'das religiões, de acordo com Jung, o xamanismo é também o precursor da psicologia profunda.
A experiência numinosa do processo de individuação, central para a psicologia junguiana, é, no nível arcaico, uma prerrogativa dos xamãs. Jung considerava que o objetivo da vida humana é seguir o caminho da individuação, o que exige o crescimento da consciência. Essa afirmação está de acordo com o conselho dado por Apolo. Na entrada do Templo de Apolo, em Delfos, há uma inscrição: Conhece a ti mesmo.
A prática xamãs de revelação direta é a raiz de muitas das nossas religiões que se originaram com um profeta com acesso a uma revelação direta de Deus. Jesus e Maomé são bons exemplos, mas temos também o exemplo dos muitos profetas do Antigo Testamento.
O Xamanismo, apesar do uso de um ritual para chegar ao ASC (estados alterados de consciência) não é uma religião. É uma forma de meditação, combinada com o desejo de ajudar outros seres humanos a curar suas doenças físicas, mentais ou espirituais.
O nosso mundo pode ser dividido em duas partes: o mundo material e o espiritual. Os xamãs trabalham no mundo espiritual; a cura é conseguida com a ajuda do espíritos.
É difícil convencer a muitos de nossos companheiros vivendo em uma sociedade materialista que estes fenômenos espirituais podem acontecer. Houve um tempo em que eu também era um descrente, mas, depois de testemunhar algumas curas espirituais e outros assim chamados milagres, não duvido mais.
Xamanismo não é uma tradição que pode ser praticada apenas por nativos. É um método espiritual que pode ser aprendido e treinado. Se você quiser investir tempo para aprender e praticar, você será capaz de transitar através do mundo espiritual e encontrar seus animais ajudantes para curar pessoas e para viver uma vida mais feliz.
Meu livro, O Xamã Dourado, embora seja uma ficção, um thriller, descreve o treinamento de um xamã em meio a muitas aventuras na Amazônia. Eu não estou recomendando-o como um guia, mas pode lhe dar uma informação preliminar de como é a formação de um xamã.
Roberto Lima Netto, autor de "O Pequeno Príncipe para Gente Grande" já em sua quarta edição no Brasil, e "Os Segredos da Bíblia", livros junguianos recentemente editados nos Estados Unidos". - www.amazon.com / autor / rlimanetto

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Dramaturgia e Insconsciente: Uma perspectiva Junguiana do Teatro




O teatro como arte tem suas origens na Grécia, manifestando-se nos gênios de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Anteriormente à Grécia naturalmente havia o teatro, mas um teatro apenas litúrgico, como no Egito e China, quando o drama encenado tinha finalidade ritualística e religiosa, na qual as ações representariam manifestações do sagrado ocorridas in illo tempore.
A tragédia grega, como é sabido, foi definida por Aristóteles, que a diferenciou da epopéia tradicional, em sua Poética. Aristóteles elaborou dois conceitos fundamentais para a compreensão do que seja teatro, a qüestão da Kátharsis e da Mýmesis.
Mýmesis, imitação, foi conceito trabalhado por Platão, mas dentro de seu referencial da dialética entre aparência e essência. Assim, o artista não criaria, mas recriaria a partir das matrizes perfeitas do mundo das idéias. O teatro, vivendo nos domínios da imitação, afasta o espírito da verdade, sendo, portanto, essencialmente imoral.
Para Aristóteles a mimética da arte trágica é forma adequada de elaborar a tragicidade do mito, trazendo-a,  pela imitação, para mais próximo da realidade humana. A tragédia, embora plasmada nos mitos eternos, possibilita a identificação do espectador com o personagem,  pelo fenômeno da kátharsis.
O que é a kátharsis ou catarse? Termo originário da medicina antiga, significa purificação. O teatro através dos fenômenos da catarse e da mímesis,  desperta emoções primitivas do inconsciente coletivo de forma mais ou menos consciente, operando uma transformação da consciência, levando à reflexão.
O ator da tragédia, personagem do drama arquetípico encenado, tem analogia com a figura do herói. Isto porque o homem, enquanto ánthropos, está sujeito à lei apolínea do métron, a medida de cada um, que nunca pode ser ultrapassada.
O homem, enquanto simples mortal, não pode ultrapassar sua própria medida, e quando o faz, sob a égide de Dioniso, deus do teatro, do êxtase e do entusiasmo, torna-se um Anér, um herói trágico, pois segundo a tradição, é o destino do herói o excesso, o pecado do orgulho, hýbris, provocando o castigo divino, némesis, que leva à Áte, cegueira da razão, e à punição final pela Moira, destino. Este é o roteiro arquetípico do Anér que ultrapassa sempre sua medida e à ela é reconduzido pela Moira.
O herói trágico expressa a maneira de proceder do ator, pois este deverá agir e responder "em êxtase e entusiasmo", sob a influência dionisíaca, pois ele, como ator, não é ele próprio, mas outro; daí a palavra grega para ator ser hipokrités, "aquele que age, atua e responde em êxtase e entusiasmo". O fundamento arquetípico da tragédia é a recondução do Ator, o hipokrités,  "aquele que age em êxtase e entusiasmo", portanto sob a influência de Dioniso, à sua própria medida humana enquanto ánthropos.   

A catarse, identificação emocional entre assistente e personagem, com grande liberação de emoção tem origem na medicina, como já mencionado. Ela reaparece nas modernas formulações da psicanálise.
Freud e Breuer denominaram o método que acabavam de inaugurar em fins do século passado de "método catártico", pois o paciente falando ao médico de vivências desagradáveis e reprimidas, vivenciaria uma catarse purificatória, pela abreação; isto é, a expressão e conscientização de conteúdos fortemente carregados de afeto. A catarse seria uma forma de integração destes conteúdos reprimidos.

Também no teatro trágico, expressão mimética de conteúdos mitológicos arquetípicos, a catarse favorece a abreação e tem portanto aspectos terapêuticos. Não é por acaso que as modernas técnicas de tratamento com psicóticos inclui o teatro terapêutico, vivenciado em comunidade hospitalar, e em psicoterapia o psicodrama tem  um espaço significativo.
O aspecto terapêutico do teatro é, naturalmente, apenas pequena parcela do significado social e cultural, como agente transformador de indivíduos e da cultura. Porta-voz de símbolos culturais fundamentais, o teatro é agente essencial na conscientização dos indivíduos e no questionamento social. Isto devido ao processo mimético pelo qual o drama arquetípico e ritualizado ao nível das realidades essenciais do ser humano.

O ator vivencia no teatro diversos personagens que falam através de sua persona teatral. A dissociabilidade da psique é expressa em grau máximo. Também o sonho é expressão da dissociabilidade da psique, no qual os vários complexos autônomos aparecem como personagens do drama interno, de nosso teatro interior, na verdade, o sonho é um verdadeiro Théatron, em sentido grego, “lugar onde se vê”. Os conteúdos autônomos aparecem como personagens, verdadeiros símbolos, ocultos por suas máscaras, ou Gr. Prósopon, (“aquilo que vem antes”) lat. Persona (personare, soar através de).

A oposição de Platão ao teatro é curiosa, pois sua forma de escrever é o diálogo, é a de múltiplas personagens, uma reflexão filosófica dentro de uma polifonia de personagens históricos ou imaginários que contituem seu teatro interior. Lembramos nesse contexto seu mais famoso diálogo,  O Banquete, um verdadeiro circumambulatio  (andar em torno) do símbolo amor, uma peça teatral no qual diversos personagens expressam diferentes perspectivas sobre o místério de Eros.

Walter Boechat
Analista Junguiano, Escritor.
Autor de Mitopoese da Psique, Ed. Vozes, 2a ed.

Curso de Pós-Graduação Lato-Sensu em Psicologia Junguiana



Caros amigos da Academia do Conhecimento,

Estamos anunciando o Curso de Pós-Graduação Lato sensu em Psicologia Junguiana a ter início dia 3 de setembro de 201'2 na Universidade Gama Filho, Campus da Candelária. 

Para detalhes do curso visite o site do Instituto Junguiano do Rio de Janeiro: 

As inscrições já estão abertas on line no site da Universidade Gama Filho:




Um abraço,
Walter Boechat.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A Questão da Sexualidade entre os Religiosos: Culpa e Responsabilidade




Caros amigos seguidores da Academia do Conhecimento,

O recente impeachment-Golpe do presidente Fernando Lugo é assunto importante da imprensa, mais importante até que a Rio+20, após seus pífios resultados. Lembrei-me então de um artigo de anos atrás que publiquei em um jornal universitário do Rio de Janeiro, tratando da sexualidade entre religiosos, de forma especial os problemas sexuais que Fernando Lugo vinha atravessando naquela época. Ocorreu uma súbita idéia, quase uma fantasia: será que o desempenho sexual do bispo-presidente teria, além de suas posições mais à esquerda, influenciado os conservadores que o destituíram do poder? Nessas trocas de poder súbito sempre existem "forças ocultas" como disse um ex-presidente brasileiro....


QUE PODE UMA CRIATURA

Que pode uma criatura senão,
entre outras criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Carlos Drummond de Andrade.





A denúncia de um envolvimento sexual e paternidade do presidente do Paraguai Fernando Lugo causou grande surpresa e reprovação. Foi o Fruto de um relacionamento amoroso ocorrido quando ainda era bispo da igreja católica no departamento de S. Pedro. Logo  depois  Lugo reconheceu o envolvimento e a paternidade de um menino de dois anos. Posteriormente houve pedido de paternidade para diversas outras crianças, não reconhecidas pelo governante.
A espinhosa questão despertou reações mistas na opinião pública e autoridades, de um lado reprovação enérgica, de outro lado, compreensão e mesmo elogios à sinceridade do ex-bispo na admissão de fatos tão difíceis para ele, a principal figura pública do país. Lugo viu-se frente a uma perda de prestígio inesperada. Em sua recente visita ao Brasil comentou-se que o visitante necessitava de uma vitória significativa nas questões da hidrelétrica de Itaipu para melhorar sua imagem pública fragilizada.

A posição de representante religioso do atual presidente paraguaio deve ser melhor detalhada por ser atualmente objeto de muitas confusões. Não é demais repetir que Fernando Lugo, logo após tomar posse, tornou-se oficialmente um ex-bispo católico. Foi ordenado sacerdote em agosto de 1977, tendo passado a  bispo em abril de 1979  tornando-se próximo do brasileiro Frei Betto, admirador de Leonardo Boff e da Teologia da Libertação. Foi designado membro da Equipe de Reflexão Teológica da Conferência Episcopal Latino-americana - Celam.  Em 2004, sem divulgar as razões para tal, a Igreja o aposentou do cargo provavelmente devido à sua proximidade com a Teologia da Libertação e à sua militância política. Em dezembro de 2006 Lugo apresentou sua renúncia à batina para melhor desempenhar seu papel de líder de oposição e já pensando em concorrer à presidência. O Vaticano se pronunciou apenas para aconselhar a Lugo que “refletisse melhor” e abandonasse a pretensão de entrar na política. O fato de ter renunciado á vida religiosa sem consultar à autoridade eclesiástica e, além disso, manter vida política fez com que recebesse do Papa Bento XVI uma suspensão a divinis, isto é, estaria proibido de exercer atividade de sacerdote, embora continuasse sendo considerado um bispo da Igreja. Posteriormente, quando Lugo foi eleito presidente, o Vaticano aceitou oficialmente seu pedido de desvinculação. Essa a posição real do presidente paraguaio frente à autoridade religiosa e aos seus cargos anteriores.
Procurou-se em certos relatos tentar inserir a surpreendente revelação do envolvimento de Fernando Lugo em um contexto da cultura paraguaia. Presidentes anteriores do país teriam em diversas ocasiões duas ou mais esposas, escapando de uma estrutura familiar tradicional. Não seria esta questão muito comum na psique cultural latino-americana em geral, inclusive no nosso Brasil? É bastante sabido- mas não muito comentado- que um conhecido político brasileiro de grande poder no passado e ainda hoje, tem duas esposas, duas famílias mesmo. Como costuma acontecer nesses casos, uma esposa é mais oficial, de classe social mais elevada, assumida publicamente, a outra aparecendo menos.
Parece também, sem afastar a gravidade da situação de Fernando Lugo, que sua posição de progressista e questionador das forças dominantes pode favorecer uma exploração política de sua situação transitoriamente frágil. 

A questão da experiência religiosa frente à sexualidade acompanha a raça humana desde tempos antigos, nas mais diversas culturas. Até mesmo em culturas diferentes do ocidente cristão o problema se coloca. Na antiga Índia de tradição védica há a idéia de que ciclo de vida humana tem a fase mundana, do casamento, filhos, realização material e só na fase tardia, o sanyasi (asceta) se retira para a floresta para meditar e procurar Deus. A história do povo de Israel revela com freqüência mulheres eróticas perturbando e seduzindo reis-heróis israelitas, como a filha do faraó e José, Betsabá e Davi, Dalila e Sansão. Essa freqüente ambigüidade da atração erótica e do perigo para profetas espirituais é uma constante na história humana. É como se o instinto sexual devesse ser contido ou transformado de alguma forma para haver uma genuína experiência religiosa.
Diversas ordens religiosas (mas não todas) proíbem aos seus membros serem casados. O protestantismo permite e aconselha mesmo o casamento entre seus pastores. O matrimônio é visto mesmo como uma instituição ordenadora da libido, mantendo o instinto dentro de limites socialmente organizados.
Essa organização parece realmente ser benéfica para os crentes e para os sacerdotes. As questões sexuais repetidas envolvendo autoridades conhecidas da igreja com sexualidade nos levam a refletir. (Penso nesse momento nos diversos casos de envolvimento sexual de padres com crianças,  entre os quais os da comunidade de Boston).
Na verdade Eros é um Daimon poderoso, como sentenciou Diotima no diálogo O Banquete, de Platão. Platão sugere que o Eros instintivo se transforme em phylia (o amor para a comunidade) e esse chegue à filo-sofia, o amor ao conhecimento. Serão essas metamorfoses possíveis ou mesmo desejáveis? No mesmo diálogo é relatado o mito  do nascimento de Eros:  Ele é filho de Pobreza (Pénya) e Recurso (Póros). Quando Eros nasce em nós, descobrimos que estamos pobres de algo mais que nos complete e encontramos sempre um recurso para alcançar vivências dessa completude. Será lícito enjaular ou encapsular a necessidade fundamental expressa pela sexualidade humana em uma instituição religiosa, por mais nobre que seja? 
            




Walter BOECHAT
Médico, Diplomado pelo Instituto C.G.Jung Zurich, Suíça, Doutor em saúde coletiva pelo Instituto de Medicina Social / UERJ, Membro-Fundador e Ex-Presidente da Associação Junguiana do Brasil- AJB.  Autor de: Mitopoese da Psique. Mito e Individuação. Vozes, 2ª Ed. 2009. Responsável pela revisão da tradução para o português para a edição brasileira do Livro Vermelho, de C. G. Jung, da Editora Vozes.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Resposta a Jó



"Resposta a Jó" é um dos mais importantes livros de Jung, certamente sua obra mais polêmica. Em sua velhice ele comentou que, se fosse reescrever algum de seus livros,  não mexeria em Resposta a Jó. Este o satisfazia completamente.
Jung afirmou que o livro reflete sua reação subjetiva, dando  expressão à "emoção devastadora que o espetáculo de selvageria nua e crua de divina crueldade produz em nós."
A Bíblia - Velho Testamento - relata que Deus (Yahweh) aceitou uma aposta proposta por Satanás, que alegou poder levar Jó a amaldiçoar Deus, desde que tivesse permissão para fazer o que quisesse com ele. Yahweh concordou, e Satanás tirou todos os bens de Jó, matou todos os seus filhos e trouxe-lhe uma doença dolorosa. Mas não teve êxito.
Sobre Jó, o Senhor declarou: "não há nenhum semelhante a ele na terra, um perfeito e integro homem, que teme a Deus e do mal se desvia."  Como Deus pode permitir tal injustiça com um homem que considerava "perfeito, integro e temente a Deus, e que desprezava o mal"? Como poderia Deus permitir a Satanás ferir Jó com tantas desgraças? Por uma simples aposta!

Como o livro foi escrito?
Jung resistiu a escrever este livro. Ele queria evitar mais polêmicas com teólogos, já que havia recebido muitas críticas ao seu último livro "Aion". Mas foi forçado a ir em frente. Jung disse em uma carta: "Se existe algo como o espírito agarrando você pela nuca, foi a forma como este livro veio à tona". Ele também disse que "O livro veio a mim durante a febre de uma doença." Segundo Edinger, um dos mais importantes discípulos de Jung, "o livro foi praticamente ditado a ele a partir do inconsciente e, logo que foi concluído, sua doença desapareceu."

A polêmica
Jung considera o Livro de Jó como um pivô na Bíblia. A tese de seu ensaio é que Deus sofreu uma evolução após sua discussão com Jó: foi obrigado a encarnar em Cristo e veio ao mundo para aumentar o seu nível de consciência.
Javé, o Deus do Antigo Testamento, é completo. Como tal, incorpora o bem e o mal. Usando as palavras de Jung, ele incorpora a sua sombra. Quando Ele encarna em Jesus, um Deus exclusivamente bom, ele projeta Satanás. Como resultado, Satanás, que aparece apenas quatro vezes no Antigo Testamento, é mencionado sessenta e seis vezes no Novo Testamento.
Um dos primeiros Padres da Igreja, Clemente de Roma, é citado como tendo dito que Deus dirige o mundo com Cristo na sua mão direita e Satanás em sua esquerda.
Os teólogos não poderiam aceitar a visão de um Deus inconsciente, ou que o Senhor poderia incorporar o mal, assim como o bem. A igreja considera que todo o bem vem de Deus e todo o mal dos seres humanos e, felizmente para Jung, a Inquisição já era coisa do passado.

A explicação
Jung se definiu como um psicólogo empírico e evitava qualquer ideia de que ele poderia estar tentando fazer teologia. Ele alegou que não poderia dizer nada a respeito de Deus, a grande força que criou o universo. Seu tema era o arquétipo que todo ser humano carrega dentro de sua psique, que ele chamou algumas vezes de Deus, outras vezes de Self ou imagem de Deus.
O verdadeiro Deus é incognoscível para a psique humana. Provavelmente apenas os místicos poderiam ter um contato direto com essa grande força, mas não poderiam descrevê-la com as limitadas palavras da linguagem humana. A Bíblia, composta por seres humanos, só poderia falar sobre essa imagem de Deus e nunca sobre o Deus Maior.
Mas os teólogos não quizeram ouvir as explicações de Jung. Eles ficaram indignados, e, quando a emoção vem à cena, a razão é ineficaz. Apesar de Deus ser incognoscível, e da Bíblia haver sido escrita por seres humanos, ainda que inspirada pelo inconsciente, eles não podiam aceitar que o Deus da Bíblia não era Deus, mas uma imagem arquetípica de Deus que todo ser humano mantém dentro sua psique, uma vez que o próprio Deus não pode ser captada por palavras humanas ou descrições.
E esta imagem de Deus definitivamente evoluiu ao longo do tempo. Como podemos dizer que o Deus do Antigo Testamento, irado e injusto, poderia ser o mesmo Cristo?
A estimativa comum é que o livro de Jung é um ataque apaixonado e implacável ao Deus do Antigo Testamento. Isso não é verdade. Psicologicamente falando, é uma tentativa de se chegar a um acordo com a imagem luminosa do Self e sua realidade dramática.
Roberto Lima Netto, autor de "O Pequeno Príncipe para Gente Grande", já na quarta edição, e "Os Segredos da Bíblia".
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domingo, 24 de junho de 2012

Leila Diniz e a Transformação Social

O texto ocorre pelos 40 anos de Morte de Leila Diniz. É o conteúdo de uma palestra quando da homenagem organizada por sua irmã, Ligia Diniz, na AARJ- Associação de Arte-terapia do Rio de Janeiro. 


 Fazem 40 anos que Leila Diniz nos deixou. Aos 27 anos, faleceu cedo, como convém a todo herói ou heroína. “Nenhum herói morre ao leito, de apendicite”, dizia o mitólogo Junito de Sousa Brandão, aquele que mais entendeu dos mitos e dos deuses. Leila foi nossa deusa da liberdade e dos desafios dos costumes estabelecidos. 


A cultura brasileira aguardava, em peso, de forma inconsciente, o aparecimento libertário de Leila Diniz. No período colonial, durante o impensável período de quatro séculos, a cultura brasileira sofreu o maior trauma de sua história: a escravidão, que até hoje deixa seus traços estereotipados no inconsciente cultural brasileiro, manifestando-se em racismo disfarçado, o que chamei racismo cordial. Bem próximo a nós, nos anos sessenta,um segundo trauma: a ditadura militar, a escravidão de todos, o cala boca do cidadão das ruas. Em período de vinte anos,  menor do que a escravidão, mas igualmente traumático para a nossa cultura, a ditadura militar, a manifestação visível do arquétipo do saturno devorador, constelou o puer libertário do movimento estudantil e também Leila Diniz. Leila se identificava bem com o movimento estudantil com seu viés político e de denúncia da repressão. O movimento de Leila também proclamou em alta a voz a necessidade de liberdade do corpo, da mulher, do desejo... das liberdades mais essenciais. 


 Sua entrevista em uma edição do jornal Pasquim de 1969 tornou-se um ícone revolucionário. Trouxe à luz a proclamação libertária de Leila, sua linguagem espontânea, livre de amarras bem educadas e do bom comportamento das patricinhas recatadas e tradicionais. Sabemos que O Pasquim vendeu nesse seu único número com a entrevista de Leila Diniz mais do que em toda sua história. A entrevista motivou o Decreto do Presidente Médici estabelecendo a censura prévia à imprensa. Na entrevista Leila utiliza um sem número de palavrões, substituídos por asteriscos. O uso de asteriscos foi decisão do Pasquim após a cantora Gal Costa pouco tempo antes ter usado a palavra tesão, o que trouxe inúmeros problemas para o jornal. Ainda na mesma entrevista acontece a famosa frase de Leila: A mulher pode muito bem amar uma pessoa e ir para a cama com outra. Já me aconteceu isso. Que par de frases mais terrível, mais imperdoável! Uma verdadeira ameaça à sociedade brasileira e aos bons costumes. 
O decreto presidencial que se seguiu foi curiosamente chamado de decreto Leila Diniz e assim se tornou conhecido. 
Podemos brincar um pouco com a expressão Decreto Leila Diniz. Porque o decreto do presidente não se chamou Decreto Médici, ou Decreto No ...tal, ou Decreto dos Bons Costumes, ou qualquer outro nome? Nomeando o Decreto pela personalidade que o provocou, se está ao mesmo tempo recordando Leila Diniz, enfatizando a sua importância, tomando-a como a referência que de fato é. É um processo mental descrito por Freud como denegação, na tentativa de se negar algo perigoso para os valores da consciência, afirma-se mais ainda esse conteúdo a ser negado. Podemos dizer: Eu Decreto: Leila Diniz! Leila Diniz veio para ficar, para re-significar a cultura, para transformar! De agora em diante, a presença de Leila em todos está Decretada. O próprio nome da proibição do Mito enfatiza sua presença e sua força atuante na sociedade. 


A cultura brasileira seguia grosso modo a cultura europeia com seu padrão patriarcal de controle. Isso apesar de seus mitos culturais próprios, a carnavalização, a malandragem, a corrupção em larga escala e outros estereótipos sociais próprios das culturas latinas. Entretanto, a mulher comum continuava agrilhoada nas correntes da repressão patriarcal. Todo o movimento cultural que teve início no ocidente nos anos `60 com a descoberta da pílula anticoncepcional, a tecnologia dos alimentos, anunciava a liberdade da mulher como figura decorativa da casa, cuidadora específica dos alimentos e dos filhos. Os jovens saíam às ruas de Paris em 1968 com diversas reivindicações, as mulheres também atuavam nessa época para revolucionar a sociedade na qual ocupavam papel secundário. Mas a mulher brasileira permanecia como que inconsciente dessas possibilidades novas que se agitavam no inconsciente cultural e procuravam expressão. Todo valor no inconsciente necessidade encontrar um veículo de expressão para a consciência coletiva, um veículo que transmita o novo valor para a cultura. Leila Diniz foi a escolhida para ser o Mito símbolo libertário, a expressão dos novos valores da mulher. 


 Leila foi como um cometa fulgurante em noite escura, durante sua rápida passagem entre nós. Tornou-se um Mito, no sentido mais essencial do Mito, o Mito como verdade. O Mito tem uma polissemia de significados que escapa à razão imediata. O Mito Leila transforma a cultura com novas mensagens, novos comportamentos, que a princípio, escandalizam, depois são admirados, imitados, acolhidos, tomados como modelo de comportamento. Como disse Rita Lee muito acertadamente. : toda mulher tem seu lado Leila Diniz... 


Como se dá esse processo de uma pessoa como Leila encarnar valores coletivos, tornando-se um Mito cultural de referência? Como dizíamos antes, os valores libertários que Leila encarnou já aguardavam no inconsciente cultural brasileiro um portador que os revelasse. Essa revelação não poderia ser feita simplesmente pela afirmação teórica do novo papel da mulher como uma tese de Doutorado, ou uma produção teórica de antropologia social. Esses valores teriam que ser antes de tudo, encarnados, vividos em três dimensões, trazidos à vida de forma transparente e convicta. Leila Diniz foi a personificação perfeita desses valores. Além do mais, como atriz de sucesso em diversos filmes e novelas de televisão tinha grande visibilidade. Em toda sua vida foi a afirmação direta, plena, totalmente verdadeira dos valores da liberdade de escolha, do amor acima das convenções e do direito pleno às livres escolhas e ao desejo. Quais seriam basicamente os valores do Mito Leila para a nova mulher brasileira? Uma nova política do corpo, um ganho de liberdade sobre o próprio prazer sexual da mulher. Como dizia Leila Diniz: transo de manhã, à tarde e à noite. Ou ainda: Minha saúde mental é perfeita. Não evito o amor nunca. 
Embora fosse a porta-voz da liberdade sexual, Leila deixava bem claro que: 
Não sou contra o casamento, Mas muito mais do que representar ou escrever, ele exige dom. 
 Essa fala de Leila mostra sua inteligência e maturidade excepcionais para sua idade. Revela, além disso, suas opiniões independentes, e sua rebelião contra o casamento vivido apenas como fachada, uma forma de acomodação do desejo em prol do conforto material. Casamento é coisa muito séria e exige um dom especial. 
 As famosas fotos que tirou em estado de avançada gravidez na praia de Ipanema são também libertárias em relação ao corpo. O sol e a praia seriam bons para sua filha, ela pode usufruir desse prazer da maternidade sem o recato tradicional, tímido, quase envergonhado das grávidas até então. A gravidez de Leila é uma gravidez alegre, orgulhosa, desafiadora até. Uma manifestação de sua forte personalidade. A mulher nos novos tempos não está mais impedida do acesso ao prazer sexual e o homem não deve agora se preocupar não somente em ter prazer mas também em dar prazer... Sua companheira também participa do jogo do prazer como uma parceira de trabalho e gozo. Era necessário alguém dizer essas verdades claramente, viver essa denúncia, personificar a mudança. Por isso Leila transcendeu os limites da personalidade individual e tornou-se um Mito da cultura brasileira. 


Leila não se deteve apenas nas questões da sexualidade. Suas declarações e frases famosas passam a imagem de alguém além de seu tempo, uma característica daqueles que encarnam um Mito. Por vezes Leila foi muito psicológica falando da sombra e da persona: 
Todos os cafajestes que conheci na minha vida eram uns anjos de pessoas
Era também uma crítica feroz aos modismos e atitudes superficiais sem consistência: 
A mulher brasileira deveria ir menos ao psicanalista e mais ao ginecologista
Falava também da solidão necessária para aquele que busca uma existência de real significado. A heroína que traz transformação caminha só, pois sua percepção das coisas é pessoal e única:
 Sei que me arrisco à solidão, se é isso que me perguntam. Mas eu sei viver assim! 
Sempre andei sozinha. Me dou bem comigo mesma
Em todos os valores, o maior de todos, aquele que centralizava todas as suas referências: a liberdade. 
Sobre minha vida, sobre meu modo de viver, não faço o menor segredo: sou uma moça livre. 
 No final de sua vida plena, a maternidade de sua filha Janaína, fruto de seu casamento com cineasta Rui Guerra, ocupa papel bastante importante e responsável. Leila Diniz veio a falecer aos 27 anos em acidente avião da Japan Airlines próximo a Nova Delhi, em 1972. Em seu diário pessoal achado no local do acidente foram encontradas suas últimas reflexões. Leila estava preocupada com Janaína, que devido a suas inúmeras viagens ficava tempo longo demais com a babá: Breve a babá se tornará mãe e a mãe se tornará babá, refletiu Leila antes de morrer. Uma preocupação humana, típica da mulher atual em seu novo papel de mãe e profissional procurando a integração criativa dos dois papéis. Aqui aparece a mulher plena da contemporaneidade, exemplo de Leila Diniz, mulher plenamente realizada e íntegra aos 27 anos, belíssimo exemplo de processo de individuação dentro da acepção de Jung, heroína desbravadora de novos caminhos para a mulher e também para o homem brasileiro.


Walter Boechat
Analista Junguiano
Escritor.