quarta-feira, 21 de março de 2012

Podemos viver uma vida espiritual sem filiação à uma igreja?

 O homem do século XXI se afasta, cada vez mais da vida espiritual. A Igreja Católica se desgastou com o tempo, outras religiões cristãs também. O ser humano está, cada vez mais, migrando para a adoração de um novo deus: o dinheiro.
Alguns que não foram atacados por essa doença moderna fogem para as religiões orientais: Budismo, Hinduísmo, etc. Outros se resignam a uma religiosidade formal, indo aos cultos e missas, iludindo-se de que isso lhe basta. Vivem tentando não pensar na vida, tentando não descobrir que sua vida está vazia.
Jung relata em suas memórias sua visita aos índios Pueblos. Eles veneravam o Deus Sol, e não entendiam a razão do homem branco querer interferir com sua religião. Estavam convencidos de que, se não rezassem para o sol, ele pararia de se levantar, e a humanidade pereceria. Eles tinham um objetivo de vida bem claro: salvar a humanidade.
O objetivo de muitos seres humanos modernos – ganhar mais dinheiro, comprar um novo carro, comprar uma casa, uma casa de campo. – chega a ser ridículo quando comparado ao dos índios Pueblo. Mesmo que você não acredite que eles estão salvando a terra, eles acreditam, e é isso o que importa para dar sentido às suas vidas.
O ser humano moderno, sem acreditar nas igrejas, enche sua vida com a busca pela riqueza, ou  com a luta por uma causa. Se a causa seja nobre, ela deve continuar,  mas não pode substituir sua vida espiritual.
Saint-Exupery no seu famoso livro, “O Pequeno Príncipe”, relata a história do acendedor de lampiões, que passava a vida acendendo e apagando lampiões, do astrônomo que queria ser dono de mais e mais estrelas, e passava o dia catalogando-as, do rei de um asteróide que não tinha súditos. Todos eles enchiam seu tempo para não pensar na vida. Quantos seres humanos adotam essa prática – ganhar mais e mais dinheiro – esperando que não lhe sobre tempo para pensar na vida. Se isso acontecesse, entrariam em depressão.
Jung dizia que não conhecia qualquer pessoa vivendo uma crise psicológica na segunda metade de vida que conseguisse resolver seu problema sem atenção ao seu lado espiritual, sem viver uma vida simbólica.
O ser humano pode e deve cultivar a vida do espírito, independente de denominações religiosas e de cultos. Você não precisa ser monge, entrar para um convento, deixar seu trabalho e seus negócios. Aliás, mesmo os monges levam uma vida material ativa, plantado, cozinhando, realizando tarefas mundanas, mas se dedicando também às rezas e meditações.
Como viver uma vida espiritual, uma vida simbólica? Jung aconselhou à alguns clientes voltarem a praticar uma religião institucional, mas essa receita não serve para todos. O descrédito nas igrejas é muito difícil de ser revertido.
O ser humano tem necessidade de manter uma vida espiritual, de cultivar uma vida simbólica. Como? Atenção para com sonhos, prática de imaginação ativa, meditação; tudo isso faz parte da vida simbólica. Rezar também é uma boa receita, uma forma de meditação.
Roberto Lima Netto
Autor do livro “O Pequeno Príncipe para Gente Grande”, Ed. BestSeler, 4ª. Edição.

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