quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O Fazedor de Chuva


O Renascimento foi um movimento cultural que começou em Florença, Itália, no século 14, e pode ser considerado a linha divisória entre Idade Média e Idade Moderna. Naquele período, a ciência começou um período de forte desenvolvimento.
Mas nem tudo são rosas. Uma das perdas sofridas pela humanidade foi a depreciação da vida interior. A forte ênfase na ciência foi seguida por um crescimento do materialismo. Os seres humanos esqueceram o mundo interior, uma doença que sofremos no século XXI. O materialismo nunca foi tão forte na mente dos povos modernos.
Como Nietzsche disse: Deus está morto. Como resultado, a humanidade está se destruindo, depreciando o mundo interior.
Uma história que Jung gostava de contar era a do fazerdor de chuva chinês. Ele a ouviu de seu amigo, Richard Wilhelm, um sinólogo importante, conhecido como o tradutor do I Ching, que testemunhou o evento enquanto missionário na China.
Houve uma grande seca onde Richard morava. Em uma área agrária, falta de chuva representa falta de comida. Depois das orações da comunidade cristã, depois de queimar incenso e disparar canhões para assustar os demônios da seca, a população estava desesperada. Eles chamaram um fabricante de chuva que morava em outra província.
Um homem de idade veio para a cidade, pediu para ser hospedado em uma cabana isolada, sem contato com as pessoas. Apenas lhe deixavam comida na porta da cabana. Ele meditou no seu interior da cabana por três dias. No quarto dia, uma grande tempestade de neve desceu dos céus. Naquela época do ano não era comum ocorrerem tempestades de neve.
Espantado, Wilhelm questionou o fabricante chuva, e ele explicou: "A área estava desequilibrado, fora do Tao. Eu meditei para equilibrar as coisas, para trazer de volta o Tao," e ainda acrescentou, como se o que ele tinha feito fosse a coisa mais óbvia do mundo. "Choveu, tinha que chover."
Os seres humanos do nosso século creem somente na existência do que eles podem ver, pois eles acreditam apenas no mundo material. Eles não dão qualquer espaço para a existência de um mundo interior. Como resultado podemos classificar como inacreditáveis ocorrências que são normais para o velho Sábio Chinês.


Roberto Lima Netto, é autor de "O Pequeno Príncipe para Gente Grande" em sua quarta edição, e "Os Segredos da Bíblia", livros junguianos recentemente editados nos USA e oferecidos pela Amazon.

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